terça-feira, 15 de maio de 2012

Afinal, o que é colesterol?


Afinal, o que é colesterol?
Não se deixe impressionar pela má fama que o colesterol adquiriu. Todas as células do nosso corpo precisam dele. Uma de suas funções é regular a fluidez das membranas celulares, o que facilita a entrada e a saída de substâncias. No tecido nervoso, por exemplo, isso interfere na troca de informações entre os neurônios. O colesterol também é matéria-prima para a produção de hormônios, dos sexuais (testosterona e progesterona) ao cortisol, liberado pelas suprarrenais em situações de estresse. Participa da síntese de vitamina D, que auxilia o cálcio a se fixar no esqueleto, além dos ácidos biliares, utilizados na digestão das gorduras. Porém, a grande prova de seu valor é que o organismo fornece a maior parcela dele: 70% do colesterol são produzidos pelo fígado. O restante vem da alimentação, exclusivamente deprodutos de origem animal.
Logo, colesterol não é sinônimo de doença. Mas podem surgir problemas quando a quantidade em circulação ultrapassa o necessário. O excedente tende a se depositar nas paredes dos vasos, dando origem - agora sim! - a uma doença que recebe o nome de aterosclerose. De evolução lenta e silenciosa, ela se caracteriza pela presença de placas de gordura que endurecem o vaso e estreitam a passagem do sangue no seu interior. Resultado: a irrigação de determinado órgão é comprometida. Tudo vai depender do local obstruído pela placa. Se for na artéria coronariana, há risco de infarto do miocárdio, a morte do tecido cardíaco por falta de irrigação. Sendo na carótida, por onde o sangue chega ao cérebro, pode ocorrer um derrame. Insuficiência renal, insuficiência vascular periférica e até mesmo disfunção erétil também aparecem na lista de estragos. Fora isso, níveis altos de colesterol podem aumentar o risco de desenvolver a doença de Alzheimer, que acarreta a morte de neurônios, como demonstrou um estudo da Organização Kaiser Permanente, nos Estados Unidos, que acompanhou quase 10 mil pessoas durante 40 anos.
HDL e LDL, os tipos principais
Uma descoberta que valeu aos cientistas Brown e Goldstein um Prêmio Nobel, em 1985, revelou a existência de partículas encarregadas de transportar o colesterol, já que ele não se dissolve no sangue. As lipoproteínas debaixa densidade (LDL) levam o colesterol do fígado, onde é produzido, e do intestino, onde é absorvido, até os tecidos; enquanto as lipoproteínas de alta densidade (HDL) recolhem o que não foi aproveitado e despejam no fígado para ser processado. Em função dessas tarefas, a fração LDL foi considerada a mais perigosa e ganhou o apelido de "mau colesterol". No entanto a culpa não é só dela. "A LDL é uma partícula perfeita, que também carrega proteínas e vitaminas para as células", explica o cardiologista Andrei Sposito, da Universidade de Brasília. "Mas por ação de fatores como o fumo e a pressão alta, ela se degrada, gruda na parede dos vasos e fica ali retida como espinho no dedo". Quanto à fração HDL, estudos mostraram que além de remover o colesterol excedente, ela ainda tem a capacidade de evitar a degradação da LDL. Por isso, o HDL é considerado o "bom colesterol". Logo, para a saúde, o melhor é manter a fração LDL baixa e a HDL alta.
Check-up

Como a aterosclerose evolui sem provocar sintomas, para saber se corre perigo você deve conhecer o seu PerfilLipídico. Este exame de sangue dosa o colesterol total e suas frações e o triglicérides, outra gordura que em excesso obstrui os vasos. É recomendado aos adultos a partir dos 20 anos e, em caso de obesidade ou histórico familiar de colesterol elevado, crianças desde os 10 anos de idade. Se o resultado for normal, ele deve ser repetido a cada cinco anos. Havendo alteração, a periodicidade será estabelecida pelo médico. Os níveis considerados normais neste exame são:
Colesterol total (HDL + LDL): menor que 200 mg/DL
LDL: menor que 100 mg/DL
HDL: maior que 40 mg/dL (homens) e 50 mg/DL (mulheres)
Triglicérides: menor que 150 mg/DL
Se estiver alto: o médico deve estimar seu risco de sofrer um infarto ou derrame, avaliando outros fatores de risco como pressão arterial, fumo, diabetes, sedentarismo, obesidade e antecedente familiar. Se achar necessário, pode solicitar outros exames, como proteína C-reativa (indica inflamações nas artérias), escore de cálcio (tomografia sem contraste das coronárias), ultrassom da carótida ou até o cateterismo cardíaco.

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